sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Denotação e conotação


Observe os textos a seguir:

Texto 1


O Taxista 

Compositor: Roberto Carlos - Erasmo Carlos

Saio logo cedo no meu carro
Ninguém sabe o meu destino
Num aceno eu paro, abro a porta
E entra alguém sempre benvindo
Elegante ou mal vestido
Velho, moço ou até menino
Fecha a porta, diz aonde vai
E tudo bem, eu já 'tô indo

Sou taxista
'Tô na rua, 'tô na pista
Não 'tô no palco
Mas no asfalto eu sou um artista

Ouço todo tipo de conversa
O tempo todo 'tô ligado
Só me meto, dou palpite, dou conselho
Quando sou chamado

No meu carro ouço histórias
Desabafos, risos todo o ano
Sou de tudo um pouco nessa vida
Eu sou um analista urbano

Sou taxista
'Tô na rua, 'tô na pista
Não 'tô no palco
Mas no asfalto eu sou um artista

O papo é sempre o mesmo
Pra puxar qualquer assunto a qualquer hora
Que trânsito, que chuva, que calor
Mas logo mais isso melhora

Tento agradar a todo mundo
E trabalhar sempre sorrindo
Mas sou um ser humano
E só eu sei às vezes o que estou sentindo

Sou taxista
'Tô na rua, 'tô na pista
Não 'tô no palco
Mas no asfalto eu sou um artista


O cansaço, a solidão
Aperta o coração na madrugada (*)
Mas a missão cumprida me desperta
É hora de voltar pra casa

Dou graças a Deus que lindos filhos
E a mulher em paz sorrindo
Valeu a hora extra pra com eles
Ter a folga de domingo

Sou taxista
'Tô na rua, 'tô na pista
Não 'tô no palco
Mas no asfalto eu sou um artista

Texto 2


Receita

Ingredientes

2 conflitos de gerações
4 esperanças perdidas
3 litros de sangue fervido
5 sonhos eróticos
2 canções dos beatles

Modo de preparar

Dissolva os sonhos eróticos
nos dois litros de sangue fervido
e deixe gelar seu coração.

Leve a mistura ao fogo,
adicionando dois conflitos
de gerações às esperanças perdidas.

Corte tudo em pedacinhos
e repita com as canções dos
beatles o mesmo processo usado
com os sonhos eróticos, mas desta
vez deixe ferver um pouco mais e
mexa até dissolver.

Parte do sangue pode ser
substituído por suco de
groselha, mas os resultados
não serão os mesmos.
Sirva o poema simples
ou com ilusões.
(Nicolas Behr)


Como já vimos, a linguagem humana difere da comunicação animal por envolver um trabalho mental, pois o homem, ao contrário do animal, retém o significado de uma palavra. E mais: o homem tem imaginação criadora e usa frequentemente. Dessa forma, na linguagem humana, uma mesma palavra pode ter seu significado ampliado, remetendo-nos a novos conceitos por meio de associações, dependendo de sua colocação numa determinada frase.

Como podemos observar no texto 1 "O Taxista " encontramos as palavras em sentido conforme consta no dicionário: taxista, tô na rua, tô na pista. já o texto 2 "Receita" as palavras teve o seu significado ampliado, e por uma série de associações, entendemos que nesse caso, "litros de sangue fervido", "gelar seu coração" não estão em sentido de dicionário.
No primeiro exemplo, apresenta seu sentido original, impessoal, independente do contexto, tal como aparece no dicionário, nesse caso, prevalece o sentido denotativo - ou denotação - signo linguístico.
No segundo exemplo, a palavra aparece com seu significado alterado, passível de interpretações diferentes, dependendo do contexto em que é empregada; nesse caso prevalece o sentido conotativo - ou conotação - do signo linguístico.

Estes dois conceitos são muito fáceis de entender se lembrarmos de duas partes  distintas, mas interdependentes, que constituem  o signo linguístico:
  • O significante ou plano da expressão;
  • O significado ou parte perceptível.

Conceituando:

DENOTAÇÃO: É o resultado da união existente entre o significante e o significado, ou entre o plano da expressão e o plano do conteúdo.

CONOTAÇÃO: A  conotação resulta do acréscimo de outros significados paralelos ao significado base da palavra, isto é, um outro plano de conteúdo que pode ser combinado ao plano da expressão. Este outro plano de conteúdo reveste-se de impressões, valores afetivos e sociais, negativos ou positivos, reações psíquicas que um signo evoca.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


CEREJA, Willian Roberto & Magalhães, Tereza Cochar. Português Linguagens: vol.1. São Paulo: Saraiva, 2010.
FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto, leitura e redação. 9. ed. São Paulo: Ática, 2005.
TERRA, Ernani & Nicola, José de. Práticas de linguagem: leitura & produção de texto. São Paulo: Scipione, 2001.