BARROCO
Prosopopeia
I
Cantem Poetas o Poder Romano,
Sobmetendo Nações ao jugo duro;
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo à confusão do Reino escuro;
Que eu canto um Albuquerque soberano,
Da Fé, da cara Pátria firme muro,
Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira,
Pode estancar a Lácia e Grega lira.
II
As Délficas irmãs chamar não quero,
que tal invocação é vão estudo;
Aquele chamo só, de quem espero
A vida que se espera em fim de tudo.
Ele fará meu Verso tão sincero,
Quanto fora sem ele tosco e rudo,
Que per rezão negar não deve o menos
Quem deu o mais a míseros terrenos.
Esse poema, além de traçar elogios aos primeiros donatários da capitania de Pernambuco, narra o naufrágio sofrido por um deles, o donatário Jorge Albuquerque Coelho. Apesar de os críticos o considerarem de pouco valor literário, o texto tem seu valor histórico pois foi a primeira obra do Barroco brasileiro e o marco inicial do primeiro estilo de época a surgir no Brasil.
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Gregório de Matos Guerra
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Antes, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
"O que acham vocês? Se alguém possui cem
ovelhas, e uma delas se perde, não deixará as noventa e nove nos montes, indo
procurar a que se perdeu?
Mateus 18:12
O exemplo mais conhecido de sua literatura
sacra é o soneto A Jesus Cristo Nosso Senhor. Numa curiosidade dialética o
poeta apela para a infinita capacidade de Cristo em redimir os piores pecadores
alegando que a ausência de perdão representaria o fim da glória divina.
Trata-se, pois, de um poema simultaneamente
contrito e desafiador humilde e presunçosa. Baseia-se numa passagem do
Evangelho de S. Lucas, precisamente no capítulo 15, versículo 2 a 7, onde Jesus
Cristo conta-nos a parábola (uma narrativa curta que transmite um conteúdo
moral) da ovelha perdida e conclui dizendo que há grande alegria nos céus
quando um pecador se arrepende do pecado.
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Gregório de Matos Guerra
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Antes, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
"O que acham vocês? Se alguém possui cem
ovelhas, e uma delas se perde, não deixará as noventa e nove nos montes, indo
procurar a que se perdeu?
Mateus 18:12
Mateus 18:12
O exemplo mais conhecido de sua literatura
sacra é o soneto A Jesus Cristo Nosso Senhor. Numa curiosidade dialética o
poeta apela para a infinita capacidade de Cristo em redimir os piores pecadores
alegando que a ausência de perdão representaria o fim da glória divina.
Trata-se, pois, de um poema simultaneamente
contrito e desafiador humilde e presunçosa. Baseia-se numa passagem do
Evangelho de S. Lucas, precisamente no capítulo 15, versículo 2 a 7, onde Jesus
Cristo conta-nos a parábola (uma narrativa curta que transmite um conteúdo
moral) da ovelha perdida e conclui dizendo que há grande alegria nos céus
quando um pecador se arrepende do pecado.
Período: Séc. XVII e XVII
Marco inicial: 1601, com a publicação do poema épico prosopopeia, de Bento Teixeira.
Termino: 1768, com a publicação de Obras de Claudio Manuel da Costa.
Considera-se o ano de 1601 como o inicio do Barroco no Brasil com a publicação de Prosopopeia de Bento Teixeira Pinto. Esse movimento estende-se até 1768, quando se publica Obras de Claudio Manuel da Costa que marca o seu fim e o inicio do Arcadismo.
O contexto histórico em que se desenvolve esse movimento artístico caracteriza-se pela total alteração da visão de mundo do homem ocidental que passa a viver um angustiante conflito consigo mesmo.
Como vimos a Idade Moderna, com as grandes descobertas e a alteração do olhar do homem sobre si, que passa a reconhecer seus potenciais, passará a dominar uma visão antropocêntrica do mundo, isto é, o homem como o centro do universo.
Ainda no séc. Séc. XVI, ocorre a Reforma Protestante e a Igreja, sentindo seu poder ameaçado, organiza a Contra Reforma numa tentativa de restabelecer o espirito medieval, sobrepondo Deus aos homens. Diante disso o homem se vê dividido entre o materialismo e o espiritualismo a razão e a fé, a carne e a alma, o prazer o pecado, o terreno e o divino, o inferno e o céu.
A literatura dos 1600, por isso chamada seiscentista, é assim pela angustia, pela insegurança, pelo questionamento e pela oscilação entre os elementos opostos.
O termo barroco é controvertido, alguns etimologistas afirmam que está ligado a um processo mnemônico ( relativo a memória) que designaria um tipo de pérola de forma irregular ou mesmo um terreno desigual assimétrico.
MOMENTO HISTÓRICO
- Contra-Reforma da Igreja
- As Invasões Holandesas
No Maranhão
- Fundação de São Luis em 08/09/1612
- Revolução de Backmam em 1684
- Batalha de Guaxenduba. Novembro de 1614
- Invasão Holandesa no Maranhão. Novembro de 1641
No Recife
- Guerra dos Mascates (1710 - 1711)
CARACTERÍSTICAS
- Conflito entre o material e o espiritual
- Pessimismo
- Desequilíbrio entre a razão e a emoção
- Dualidade; contradição
- Tendência a ilusão (descrição indireta)
- Predomínio das figuras de linguagem como metáfora, antítese, paradoxo e hipérbole, o hipérbato.
- cultismo: caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante, pela valorização do pormenor mediante ao jogo de palavras.
- conceptismo: marcado pelo jogo de ideias de conceitos, seguindo um raciocínio lógico racionalizada que utiliza uma retorica aprimorada.
PRINCIPAIS AUTORES
- Bento Teixeira
- Gregório de Matos Guerra
- Manoel Botelho de Oliveira
- Pe. Antonio Vieira